Em apenas quatro minutos, bilhões de dólares viraram cinzas com a explosão do foguete Starship, da SpaceX, no céu azul do Golfo do México. Não sei vocês, mas meu primeiro pensamento foi de lamento: meses de trabalho que se desintegraram no ar. Mas, os posts otimistas que partiam da empresa e de Elon Musk, me trouxeram de volta ao universo da Inovação, um assunto que tenho me debruçado e que é fundamental para as empresas e para quaisquer profissionais que queiram “sobreviver” neste mundo de transformação exponencial – inclusive, e sobretudo, quem lida com marketing.
Empreitadas inovadoras são fundamentalmente experimentais e nada mais simbólico do que as viagens espaciais para traduzir o espírito empreendedor dos que pensam fora da caixa. “Aprendi muito para o próximo lançamento de teste em alguns meses”, tuitou Musk. “Sucesso vem com o que aprendemos”, lembrou outro post publicado no website da SpaceX após o lançamento. Esta é a fórmula: prototipar, testar, errar, coletar dados, aprender com os erros e (re)agir rápido.
Times de marketing devem ser ágeis
Guardadas as devidas proporções, nós, profissionais de marketing, já temos introjetada essa cultura da tentativa e erro ao lançarmos campanhas digitais, fazer teste A/B, analisar os dados, descartar o que não deu certo e seguir em frente. Mas, estamos nos deparando com um tempo diferente, em que as reinvenções serão mais profundas em decorrência do fenômeno da Inteligência Artificial, Big Data, expansão das redes.
As mudanças cada vez mais constantes nas expectativas dos consumidores, as disrupções dos marketplaces, da forma que consumimos, dos meios de pagamento têm aumentado o nível de desafio dos líderes de marketing para agir rapidamente e em escala. É preciso dominar os insights sobre o comportamento dos clientes, usar as melhores tecnologias do mercado, analisar dados e fazer predições com agilidade.
Não está fácil para ninguém. O relatório de 2022 da Gartner sobre Tecnologias para Marketing e Comunicação (2022 Gartner Marketing and Communications Technology Survey), mostrou uma diminuição no uso das funcionalidades das Martechs em relação à pesquisa anterior. Os 422 profissionais entrevistados disseram usar 42% da amplitude de recursos tecnológicos disponíveis em comparação com 58% em 2020, prejudicando os objetivos de implantação eficiente da tecnologia. E uma das justificativas para essa queda é a dificuldade de identificar e recrutar talentos para conduzir a adoção/utilização tecnológica.
Para os CMOs (Chief Marketing Officer), é crucial adotar um estilo de gestão mais ágil que considere processos, pessoas, recursos externos e tecnologias. Com agilidade é possível sofrer menos com os erros e dar “a volta por cima” em um tempo mais curto. Dos 12 princípios para o desenvolvimento de software estabelecidos no Manifesto Ágil, de 2001, o Marketing pode se beneficiar de alguns deles:
- Ciclos de trabalho iterativos, baseados nos famosos “sprints”, que duram de uma a quatro semanas e possuem meta bem definida, com entregas específicas realizadas por uma equipe pequena.
- Metas tangíveis a serem concluídas no prazo determinado.
- Calibração frequente através das reuniões diárias (as conhecidas dailys) e reuniões semanais, em que se revisa o progresso do sprint, identifica-se tarefas e riscos, define-se prioridades.
- Contribuição ao projeto baseada em capacidade e não em senioridade.
Times ágeis são compostos por indivíduos de toda a organização, com uma variedade de qualidades e níveis de experiência. É preciso alinhar capacidades individuais com a demanda do trabalho. O trabalho em equipe, preferencialmente multidisciplinar, é fundamental para lidar com as demandas oriundas desta revolução tecnológica.
Lifetime learning
Do ponto de vista individual, resta-nos a certeza de que o olhar de aprendiz é crucial. “Piece by Piece”, passo a passo e com muitas trocas, trabalhando em comunidade, é possível nadar a favor da corrente da inovação. Por isso, o meu desejo (e a minha honra) em poder contribuir com o mestre Vitor Peçanha neste projeto e criar um espaço para falar sobre a digitalização do marketing e as transformações que se fazem necessárias.
O objetivo da PbyP de se criar uma comunidade para interação, uma arena para dúvidas e trocas, é um passo importantíssimo neste momento. Cada vez mais devemos ser capazes de questionar e escutar e aprender com bons exemplos. Perguntas tenho de sobra, até por conta da repórter que fui um dia. Pensamento analítico também. As respostas podem vir do ChatGPT, mas queremos mais. É preciso surfar nesta onda, unir forças e entender como podemos usar a tecnologia para uma abordagem cada vez mais centrada no cliente.